A
gravidez quando associada a qualquer alteração no corpo da mãe, gera uma
angústia e ansiedade muito grande para todos os envolvidos.
Saber
que está grávida e ao mesmo tempo receber o diagnóstico de câncer mobiliza sentimentos
contraditórios, pois são trajetórias que parecem não ter lógica, já que a gravidez é sinal de estado de saúde na mulher.
O câncer relacionado com a gravidez é
classificado como o câncer diagnosticado durante a gravidez, até um ano após o
parto, ou no período em que a mulher ainda estiver amamentando. O
cuidado da mulher grávida e portadora de câncer envolve não só a paciente, mas
também a família dessa mulher. A equipe de saúde interdisciplinar terá o
objetivo de tratar e curar a mãe, e proteger o bebê para que ele tenha um
desenvolvimento saudável. Muitas vezes, para que esses objetivos se cumpram, é
necessário antecipar o parto para a continuação do tratamento da mãe e para que
o bebê não sofra efeitos prejudiciais do tratamento, que normalmente envolvem
quantidades altas de medicação. Essas medidas são causadoras de estresse para a
mãe e os familiares envolvidos no processo.
Notamos que a gestante passa por alterações importantes
para assumir seu novo papel de mãe, tanto internamente como perante a
sociedade. Esse período por si só é carregado de sentimentos e emoções que
muitas vezes são difíceis de lidar, e a mulher grávida e com câncer terá que buscar
estratégias de enfrentamento para adaptar-se a esses dois momentos impares em
sua vida.
Não existe uma maneira certa ou errada de se lidar
com esses momentos, o importante é observar o que vai funcionar para você,
mamãe que recebeu o diagnóstico. Poder ter um espaço para expressar os
conflitos, medos, dúvidas e angústias referentes a doença e ao estado
gestacional é uma maneira de enfrentar o período.
O apoio familiar e dos amigos também auxiliam no
tratamento e no enfretamento por parte da mulher que está passando por está
fase. Os familiares e as pessoas próximas podem apoiar conversando abertamente
sobre os medos que surgem com a notícia, partilhando as tarefas e apoiando às
funções que a grávida consegue cumprir, e até mesmo redefinindo papéis no
contexto familiar. Este último, muitas vezes é o mais difícil de ficar claro
para todos os membros, pois a família como um todo está acostumada com uma
organização de tarefas que foram construindo ao longo da convivência, perceber
que a mãe/mulher não poderá cumprir com algumas tarefas que eram de
responsabilidade dela até então, gera muitas vezes, culpa nesta mãe e medo das
mudanças que estão acontecendo nos familiares.
A comunicação aberta e a expressão dos sentimentos
envolvidos em toda essa transformação ajudam os familiares a construírem o
melhor jeito para todos lidarem com essa fase.
É importante lembrar também que, o fato da mãe está
com câncer não a “bloqueia” de ter as sensações e sentimentos relacionados ao
estado de estar grávida. É preciso refletir que a mulher ESTÁ grávida e ESTÁ
com câncer, e não olhar para o estado da doença como se está fosse de caráter permanente
das relações e emoções da mulher. Perceber essa diferença, auxilia-nos a
enxergar a pessoa que está ali!
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